VOZES D’ÁFRICA E D´OUTRAS PARTES: LUIZ GAMA, JUÓ BANANÉRE E A DESVERNACULIZAÇÃO DA PALAVRA LITERÁRIA BRASILEIRA

Autores

  • Francisco Cláudio Alves Marques Universidade Estadual Paulista/Unesp-Assis/Professor Assistente Doutor

DOI:

https://doi.org/10.18305/scripta%20uniandra.v16i3.1089

Resumo

Até meados do século XVIII a produção literária brasileira vinha sendo escrita quase que exclusivamente no vernáculo, reproduzindo, em muitos aspectos, a visão de mundo e a ideologia do colonizador europeu. Neste artigo, consideramos que a quebra desse paradigma se dá primeiramente com o poeta negro Luiz Gama (1830-1882) – por ter tomado a palavra à boca dos cativos – e, depois, na Belle Époque, com Juó Bananére (1892-1933) – por ter escrito suas crônicas e poemas em um dialeto que mesclava a voz do imigrado, do caipira e do iletrado –, num momento em que a nossa literatura não dava mais conta de expressar a emergente realidade étnica, social e cultural que deveria contribuir para a redefinição da identidade brasileira.

Palavras-chave: Luiz Gama. Juó Bananére. Sátira. Desvernaculização.

Biografia do Autor

Francisco Cláudio Alves Marques, Universidade Estadual Paulista/Unesp-Assis/Professor Assistente Doutor

Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela FFLCH/USP. Professor Assistente Doutor no Departamento de Letras Modernas da Unesp/Assis. Ára de Língua e Literatura Italiana.

Referências

ALVES, Castro. Os escravos. São Paulo: Livraria Martins, 1947.

ANDRADE, Mário de. Poesias completas. Edição crítica de Diléa Zanotto Manfio. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1987.

ANDRADE, Oswald de. Obras completas. Do Pau-Brasil à Antropofagia e às Utopias (Vol. VI). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.

BANANÉRE, Juó. A artografia muderna. As Cartas d´Abax´o Pigues. O Pirralho, 49, p. 9, 13 de julho de 1912.

_______. La divina increnca. São Paulo: Ed. 34, 2001 [1915].

_______. Sonetto Ippico. Diário do Abax´o Piques, 6, p. 1, 8 de junho de 1933.

CANDIDO, Antonio. O Romantismo, nosso contemporâneo. Suplemento “Ideias”. Jornal do Brasil, p. 1-5, 19 de março de 1988.

CARPEAUX, Otto M. Uma voz da democracia paulista. In: Carpeaux, O. M. (1958). Presenças. Rio de Janeiro: MEC/INL, p. 200-204, 1958.

COMPARATO, Fábio K. Luiz Gama, contemptor das falsas elites. Estudos Avançados, 26 (75), p. 355-357, 2012.

DEL PICCHIA, M. Crônica Social: Capacetes Cossacos... Correio Paulistano, 20.846, p. 8, 15 de julho de 1921.

Diário d´Abax´o Piques. Este número 17. Diário d´Abax´o Piques, 17, p. 2, 23 de agosto de 1933.

FERREIRA, Ligia F. Com a palavra, Luiz Gama: poemas, artigos, cartas, máximas. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2011.

FRANCESCHINI, L. Juó Bananére. O Estado de S. Paulo, p. 2, 23 de agosto de 1933.

GAMA, Luiz. Primeiras trovas burlescas e outros poemas. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

_______. Carta a Ferreira de Menezes. A Província de São Paulo, São Paulo, 1744, p. 5, 18 de dezembro de 1880.

GRILLO, A. T. De lasciva a musa: a representação da mulher negra em versos de Gregório de Matos a Mário de Andrade. Scripta Uniandrade, 2, p. 76-96, 2013.

PRADO, Paulo. Paulística Etc. Edição revista e ampliada por C. A. Calil. São Paulo: Companhia das Letras, 2004 [1925].

SAINT-HILLAIRE, A. de. Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. São Paulo: Edusp/Itatiaia, 1975.

SALIBA, Elias T. Prefácio. In: Moraes, J. G. V. de. Sonoridades paulistanas. Final do século XIX ao início do século XX. Rio de Janeiro: Funarte, p. 13-16, 2008.

SANTOS, Eduardo A. E. Luiz Gama e a sátira racial como poesia da transgressão: poéticas diaspóricas como contranarrativa à ideia de raça. Almanack, Guarulhos/SP, 11, p. 707-748, dezembro de 2015.

SCHWARZ, Roberto. Autobiografia de Luiz Gama. Novos Estudos CEBRAP, 25, p. 136-141, outubro de 1989.

VERGER, Pierre. Notas sobre o culto aos orixás e voduns. Trad. C. E. M. de Moura. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2012.

DOI: 10.5935/1679-5520.20180057

Downloads

Publicado

2018-11-11