“ERA UMA VEZ” ÀS AVESSAS: A CONSTITUIÇÃO PARÓDICA DO POEMA “A CHAPÉU”, DE HILDA HILST

Autores

  • Rosana Letícia Pugina Universidade Estadual Paulista, Unesp, FCLAr.

DOI:

https://doi.org/10.55391/2674-6085.2021.2003

Resumo

Segundo Bakhtin (1997), por se edificar na oposição de ideias quanto a um texto-base, a paródia cria o seu “duplo destronante”, dando gênese a um “mundo às avessas”. Quanto ao corpus, o poema “A Chapéu” (HILST, 2018d) foi selecionado porque parodia A Chapeuzinho Vermelho (PERRAULT, 1987). Como tema, propõe-se uma leitura do poema, objetivando-se fazer uma análise da sua constituição paródica. Acerca do arcabouço, utilizaremos Bakhtin (1997; 2010), Bettelheim (2002), D’Onofrio (2007), Blumberg (2015) e Moraes (2015). Sobre a abordagem, é exploratória, qualitativa e de cunho bibliográfico. Espera-se verificar que “A Chapéu” (2018), ao parodiar A Chapeuzinho Vermelho (1987), projeta-se como uma encarnação ao avesso dos contos de fadas, zombando dos papéis de gênero.

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Publicado

2021-09-26