CINEMA, PINTURA E POESIA: A PLASTICIDADE DO AFETO EM MÃE E FILHO

Autores

  • Genilda Azeredo

DOI:

https://doi.org/10.18305/scripta%20uniandra.v16i3.1059

Resumo

O propósito deste trabalho é discutir o filme Mãe e filho (1997), de Alexander Sokúrov, com ênfase na relação afetiva entre mãe e filho e no enfrentamento da morte. O filme dramatiza o momento de despedida dos dois – mas como um filho pode despedir-se para sempre de uma mãe? Como materializar, esteticamente, o desamparo e a dor inerentes à consciência da morte? Sokúrov o faz através de uma plasticidade eloquente, capaz de captar a densidade melancólica do momento; os planos podem ser apreciados como se fossem quadros ou pinturas, tamanhas sua força e beleza visual. A hipótese aqui colocada é que esse filme tem seus significados atrelados ao diálogo com outras linguagens semióticas, a exemplo da poesia, da fotografia e da pintura, constituindo-se inovador quanto ao modo de narração audiovisual, sobretudo quando pensamos na morte e em seus efeitos devastadores.

Palavras-chave: Narração audiovisual. Pintura. Poesia. Afeto. Mãe e filho.

 

Referências

ANDRADE, Carlos Drummond de. A palavra mágica. Coleção Mineiramente Drummond. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record, 2000. 138p.

AUMONT, Jacques. O olho interminável [cinema e pintura]. Tradução Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac & Naify, 2004. 266p.

AUMONT, Jacques & MARIE, Michel. Dicionário teórico e crítico de cinema. Tradução de Eloísa Araújo Ribeiro. Campinas: Papirus, 2003.

BARROSO, Elianne Ivo. Efeitos visuais como marcas de falsificação na obra de Sokúrov. In: HAMBURGER, Esther e outros (org.). Estudos de cinema Socine. São Paulo: Annablume/Socine, 2008, p. 291-298.

BAZIN, André. O que é o cinema? Tradução Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac Naify, 2014. 416p.

BLAKE, William. William Blake. Everyman’s poetry. Selected and edited by Peter Butter. London: Everyman, 1996. 107 p.

BORDWELL, David. Art-cinema narration. In: _____. Narration in the fiction film. Wisconsin: The University of Wisconsin Press, 1985, p. 205-233.

CAVE, Nick. Classic cinema: I wept and wept, from start to finish. Sun 29 Mar 1998. In: http://www.independent.co.uk/life-style/classic-cinema-i-wept-and-wept-from-start-to-finish-1153117.html. Acesso em: 15 ago. 2014.

CAMPOS, Álvaro de. Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

CHEVALIER, Jean and GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. Tradução Vera da Costa e Silva e outros. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. 996 p.

CIRLOT, J. E. A dictionary of symbols. New York: Philosophical Library, 1971. 385 p.

DELEUZE, Gilles. Para além da imagem-movimento. In: _____. A imagem-tempo. Tradução Eloísa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2005, p. 9-36.

FERBER, Michael. Romanticism. A very short introduction. Oxford: Oxford University Press, 2010. 148p.

FREEDMAN, Ralph. The lyrical novel. Studies in Herman Hesse, André Gide and Virginia Woolf. London: Oxford University Press, 1963. 294 p.

FROST, Robert. The road not taken. In: McMICHAEL, George (ed.). Concise anthology of American literature. New York: Macmillan, 1993. 2726 p.

FRYE, Northrop. “The rhythm of association: lyric”. In: _____. Anatomy of criticism. Harmondsworth: Penguin, 1957, p. 270-281.

FURTADO, Beatriz. A imagem-intensidade no cinema de Sokurov. In: PARENTE, André (org.). Cinema/Deleuze. Campinas: Papirus, 2013, p. 15-30.

HARVARD Film Archive (2014). Directors in focus. Requiem: The visionary films of Alexander Sokúrov. At: http://hcl.harvard.edu/hfa/films/2002marapr/sokurov.html. Acesso em: 15 ago. 2014.

MERQUIOR, José Guilherme. Natureza da lírica. In: _____. A astúcia da mimese. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997. 217p.

NICHOLS, Bill. Film theory and the revolt against master narratives. In: GLEDHILL, Christine & WILLIAMS, Linda (ed.). Reinventing film studies. London: Arnold, 2000, p. 34-52.

PEIXOTO, Nelson Brissac. Cinema e pintura. In: XAVIER, Ismail (org.). O cinema no século. Rio de Janeiro: Imago, 1996. 384p.

PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2008.

SALLES, Francisco Luiz de Almeida. “Jean Epstein (1897-1953)”. In: Bender, F. C. et all. (orgs.). Cinema e verdade. São Paulo: Companhia das Letras / Cinemateca Brasileira; Rio de Janeiro: Fundação do Cinema Brasileiro, 1988.

SEEBERG, Ulrich. Dimensões filosóficas na obra de Caspar David Friedrich. In: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-53202005000100005&script= sci_arttext. Acesso em: 16 out. 2015.

SONTAG, Susan. Sobre fotografia. Tradução Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

TEIXEIRA, Coelho. Romantismo – a arte do entusiasmo. Romanticism – the art of enthusiasm. English version by Ana Goldberger. Coleção MASP. São Paulo: Comunique, 2010.

DOI: 10.5935/1679-5520.20180050

Downloads

Publicado

2018-11-11