O NARRADOR AUTOFICCIONAL NA LITERATURA E NO CINEMA
DOI:
https://doi.org/10.18305/scripta%20uniandra.v16i3.1060Resumo
Desde a recente virada de século, vimos assistindo à consolidação da narrativa autoficcional não somente na literatura como também no cinema. A partir de romances de Ricardo Lísias (O céu dos suicidas e Divórcio) e Julián Fuks (Procura do romance e A resistência), e dos filmes Histórias que contamos, de Sarah Polley, e Irmãs jamais, de Marco Bellocchio, a proposta deste ensaio é descrever um tipo de narrador não exclusivo das formas literárias e típico da contemporaneidade. À luz dos célebres ensaios de Walter Benjamin, O narrador, e de Silviano Santiago, O narrador pós-moderno, o contador de histórias autoficcional recupera sua experiência para e na narrativa, e não se relaciona com a imagem somente como espectador: a tecnologia e as particularidades da comunicação lhe permitem hoje entrar na mídia e, a partir desta posição, problematizar concepções como as de ficção e realidade, documento e objeto estético, dentre outras.
Palavras-chave: Autoficção. Cinema subjetivo. Mídia. Pacto de ambiguidade.
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DOI: 10.5935/1679-5520.20180055
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