O NARRADOR AUTOFICCIONAL NA LITERATURA E NO CINEMA

Autores

  • Julia Scamparini Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

DOI:

https://doi.org/10.18305/scripta%20uniandra.v16i3.1060

Resumo

Desde a recente virada de século, vimos assistindo à consolidação da narrativa autoficcional não somente na literatura como também no cinema. A partir de romances de Ricardo Lísias (O céu dos suicidas e Divórcio) e Julián Fuks (Procura do romance e A resistência), e dos filmes Histórias que contamos, de Sarah Polley, e Irmãs jamais, de Marco Bellocchio, a proposta deste ensaio é descrever um tipo de narrador não exclusivo das formas literárias e típico da contemporaneidade. À luz dos célebres ensaios de Walter Benjamin, O narrador, e de Silviano Santiago, O narrador pós-moderno, o contador de histórias autoficcional recupera sua experiência para e na narrativa, e não se relaciona com a imagem somente como espectador: a tecnologia e as particularidades da comunicação lhe permitem hoje entrar na mídia e, a partir desta posição, problematizar concepções como as de ficção e realidade, documento e objeto estético, dentre outras.

Palavras-chave: Autoficção. Cinema subjetivo. Mídia. Pacto de ambiguidade.

 

Referências

ALBERCA, Manuel. El pacto ambiguo: de la novela autobiográfica a la autoficción. Madrid: Biblioteca Nueva, 2007.

ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico. Trad. Paloma Vidal. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.

BALTAR, Mariana. Realidade lacrimosa: diálogos entre o universo do documentário e a imaginação melodramática. 2007. Orientador: João Luiz Vieira. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Curso de Pós-Graduação em Comunicação

BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas, v. 1. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1993.

COURTINE, Jean-Jacques. Discurso, história e arqueologia. In: Milanez, N. e Gaspar, N. R. (orgs). A (des)ordem do discurso. Trad. Nilton Milanez e Janaina de Jesus Santos. São Paulo: Contexto, 2010.

FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In Ditos e escritos Vol. V. Ética, sexualidade e política. Trad. Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2004.

_______. O que é um autor? In Ditos e escritos Vol. III. Estética: literatura e pintura; música e cinema. Trad. Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

FUKS, Julián. A resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

GONÇALO, Pablo. The subjective turn in Brazilian documentaries. Encontro LASA, 2012 - Latin American Studies Association. Disponível em https://www.academia.edu/3350002/The_subjective_turn_in_Brazilian_Documentaries.

KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: a virada etnográfica e o retorno do autor. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.

LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet. Trad. Jovita Maria Gerheim Noronha e Maria Inês Coimbra Guedes. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008.

LÍSIAS, Ricardo. O céu dos suicidas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

_______. Divórcio: São Paulo: Alfaguara, 2013.

MACHADO, Arlindo. O sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no ciberespaço. São Paulo: Paulus, 2007.

MORICONI, Italo. Circuitos contemporâneos do literário (Indicações de pesquisa). Revista Gragoatá, Niterói, n. 20, p. 147-163, 1. sem. 2006.

MÜLLER, Adalberto. Linhas Imaginárias: poesia, mídia, cinema. Porto Alegre: Sulina, 2012.

SANTIAGO, Silviano. O narrador pós-moderno. In: Nas malhas da letra. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

SORELLE MAI (Irmãs Jamais). Direção e roteiro: Marco Bellocchio. Ficção. Itália, 2010. [DVD]. (104 min), colorido.

STORIES WE TELL (Histórias que contamos). Direção e roteiro: Sarah Polley. Documentário. Canadá, 2012. [DVD]. (108 min), colorido.

DOI: 10.5935/1679-5520.20180055

Downloads

Publicado

2018-11-11