JUDEIDADE E A CRIAÇÃO DA MEMÓRIA POTENCIAL EM GEORGES PEREC E PATRICK MODIANO
DOI:
https://doi.org/10.18305/scripta%20uniandra.v16i3.1139Resumo
Em suas reflexões acerca da questão da judeidade, Jacques Derrida afirma a impossibilidade de enclausurar tal categoria em um conjunto de fundamentos passados que impeça seu próprio por-vir. Georges Perec e Patrick Modiano produziram uma obra em que a relação com a herança judaica se dá justamente na chave de uma ruptura com o passado, afastando, assim, qualquer possibilidade de constituírem uma judeidade a partir de um arquivo legado pela tradição. Isso os levará à criação do que Perec chamou, em Récits de Ellis Island, de uma memória potencial, a qual parece se aproximar das reflexões de Marianne Hirsch sobre a pós-memória. Segundo a autora, a experiência da geração francesa de escritores judeus que começaram a escrever após a Segunda Guerra se daria sob o signo da privação de pertencimento, promovendo, assim, um processo de invenção de lembranças. Aproximando esse processo das análises de Derrida, o presente artigo tem por objetivo pensar a judeidade em obras de Perec e Modiano em suas relações com as categorias da memória, história e ficção.
Palavras-chave: Judeidade. Memória. Ficção. Perec. Modiano.
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DOI: 10.5935/1679-5520.20180061
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