NINFA DECAÍDA: OS VESTIDOS VIVENTES E AS PASSANTES DE CARLITO AZEVEDO

Autores

  • Maura Voltarelli Roque Universidade de São Paulo (USP)

DOI:

https://doi.org/10.55391/2674-6085.2021.1896

Resumo

Esse artigo, com traços ensaísticos, busca pensar as figurações da Ninfa enquanto forma feminina em movimento, tal como vista pelo historiador da arte alemão Aby Warburg, na poesia de Carlito Azevedo. Para tanto, fazemos uma leitura de dois poemas publicados originalmente no livro Collapsus linguae que permitem ver o que chamamos uma sobrevivência dessa imagem vinda da Antiguidade e, ao mesmo tempo, sinalizam uma aproximação entre a ninfa e a escrita poética, ou, entre a imagem e a palavra. Ao conceber-se como imagem, a poesia de Carlito Azevedo se escreve de dentro mesmo de sua própria impossibilidade, criando uma outra temporalidade menos linear e mais anacrônica.

Biografia do Autor

Maura Voltarelli Roque, Universidade de São Paulo (USP)

Doutora em Teoria e História Literária pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), da Universidade Estadual de Campinas. Pós-doutoranda em Teoria e História Literária no Departamento de Teoria Literária da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP).

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Publicado

2021-09-26