SOBREVIVENDO À BARBÁRIE: A TORTURA VERBALIZADA ATRAVÉS DAS MEMÓRIAS

Autores

  • Paulo Bungart Neto Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

DOI:

https://doi.org/10.18305/scripta%20uniandra.v12i1.535

Resumo

O artigo analisa obras memorialísticas de escritores brasileiros que sobreviveram a torturas durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Narrativas como Tirando o capuz (1981), de Álvaro Caldas, Em busca do tesouro (1982), de Alex Polari, e Memórias do esquecimento (1999), de Flávio Tavares, organizam-se em torno da evocação, décadas depois, dos momentos de terror vividos durante as sessões de tortura, nas quais os militantes suportaram choques elétricos, injeções de soro e simulações de fuzilamento, dentre outras práticas, como métodos institucionalizados de repressão utilizados com o intuito de forçar a delação de líderes de grupos armados e organizações clandestinas. O discurso autobiográfico desses “sobreviventes” é analisado a partir do aporte teórico de estudiosos como Michael Pollak (1989), Andreas Huyssen (2000), Iván Izquierdo (2004), Beatriz Sarlo (2007) e Leonor Arfuch (2010), dentre outros.

Palavras-chave: Memórias. Literatura brasileira contemporânea. Tortura. Memorialistas brasileiros.

 

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DOI: http://dx.doi.org/10.18305/1679-5520/scripta.uniandrade.v12n1p36-60

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Publicado

2016-10-15