A IDENTIDADE DO AUTOR NA NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA: ÁGUA VIVA COMO POSSIBILIDADE DE INDEFINIÇÃO DO PACTO DE LEITURA

Autores

  • Edson Ribeiro da Silva Uniandrade Curitiba, Paraná, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.18305/scripta%20uniandra.v11i1.563

Resumo

O presente trabalho objetiva estabelecer uma reflexão a partir das ideias de Philippe Lejeune sobre autobiografia, no que se refere à sua visão do autor como sujeito que dispõe de uma identidade. Haveria requisitos para a autobiografia e o pacto que esta estabelece. A mesma condição do autor como sujeito que se observa e se explica, através da obra autobiográfica, levou Paul Ricoeur a formular o conceito de “identidade narrativa”, a qual seria responsável pela unidade do sujeito-autor consigo mesmo. Analisa-se aqui Água viva, de Clarice Lispector, como exemplo de indeterminação no que se refere ao pacto autobiográfico; nela o contrato de leitura oscila entre a autobiografia e a ficção, ao mesmo tempo em que evidencia uma identidade autoral.

Palavras-chave: Autobiografia. Identidade. Lejeune. Ricoeur. Lispector.

 

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DOI: http://dx.doi.org/10.18305/1679-5520/scripta.uniandrade.v11n1p9-30

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Publicado

2016-10-22